quinta-feira, 28 de março de 2013
Orestéia
O que depois aconteceu não pude ver
e mesmo que pudesse não diria.
Agamémnon (Trilogia Orestéia) Ésquilo
Orestéia
onde está a mão divina no reino do visível?
o sangue que a mancha é dos simples mortais
ou dos próprios deuses?
os sinais revelam-se aos sentidos
como o olhar define o escuro perante a luz
ou os dedos modelam a forma do vazio
mas só Cassandra desvenda a face da verdadeira morte
a sua visão terrível
das Fúrias vigilantes
da longínqua cidade onde ecoam os heróis perdidos
nos seus braços tomará
como os deuses, a própria servidão
Pedro Saborino
domingo, 17 de março de 2013
Gilgamesh
às portas do oeste chega o viajante
busca no interior da vulcânica mina o tambor mágico
mas nada o salva da morte
do seu poder profundo
Enkidu não voltará
e o rei está só
longe fica a floresta dos cedros
o mágico luar, o voo redondo da ave
no vale enfrenta o leão, carrega depois a sua pele vestida sobre o tronco
até ao limiar do oceano
onde está Dilmun,o paraíso por onde sussurra a brisa da eternidade
em vã procura
dentro dos muros de Uruk
agora é chorado pelo povo
a morte não é trágica
só os deuses mortais são trágicos
Pedro Saborino
Assinar:
Postagens (Atom)