quinta-feira, 5 de julho de 2012

Os meus poetas - Paul Celan




Vinhateiros escavam o relógio das horas sombrias



cada vez mais fundo,


tu lês,


o Invisível desafia o vento,


tu lês,


os Abertos trazem a pedra atrás do olho,


ela te reconhecerá,no dia do Sabbath.


Paul Celan






os vestígios da morte dissipam-se na neve

o derradeiro passo diz-me que já não há regresso

a noite é então intensa nos meus dedos gelados

ouvimos muito perto as canções que perfuram o silêncio

e a minha mãe vigia

as palavras são a minha liberdade

o silêncio a minha condenação

se me ouvires poderei resistir

não existo só por mim mas porque me ouves

estou aqui

nu

acorrentado

perplexo

na desordem das coisas divinas



Pedro Saborino

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